"Tal vez el Edén, como lo quieren por ahí, sea la proyección mitopoyética de los buenos ratos fetales que perviven en el inconsciente. " Así habló Cortázar.

16 noviembre 2012

A ignorância como capital (6,7,8N e 8TN)

Insisto, não acredito neles, e como eu acho necessário, vou espraiar um pouco mais as razões da minha descrença:
Embora a objetividade não exista como tal na expressão humana direta (e isso não sou eu que digo, mas a Antropologia Social em um eterno debate jamais resolvido), ou seja, se no diálogo entre duas pessoa  a voz sempre imprime alguma subjetividade, ela é muito menor que a que a que subjetividade que inevitavelmente vaza na comunicação mediada , porque ali se soma a esta outra mais poderosa, que responde à interesses econômicos que são os que, em última análise, ditam o caminho de todos os discursos midiáticos.  Mesmo neste cenário acho que  se pode buscar algum resquício de objetividade, mas dificilmente ele será encontrado no que se vê ou se ouve no Clarín ou no 6,7,8.
Mas eu tenho que ser justo, já que escrevi um texto que me valeu algumas críticas e o seguinte elogio: “Que elegante esporro". Então, como apontei, principalmente, os meios de comunicação de cada lado desta guerra, à propaganda de cada facção, devo agora ao menos enumerar as características da cobertura da manifestação que cada um dos dois meios fez, e eu vou fazer isso em duas partes:

Transmissão real e transmissão codificada

O Grupo Clarín não transmitiu ao vivo à marcha. Durante toda a jornada emitiu imagens produzidas “agora há pouco”, o que vale dizer que cobertura dos fatos foi editada. Por quê? Por medo? Devido à censura de quem? Como resultado o que se viu foram declarações de manifestantes que, apesar de reais, estavam carregadas de um manto de opacidade próprio da edição, em um ato cívico que pedia outra coisa.
A TV pública pôs uma equipe jornalística que, ao vivo, transmitiu os fatos. A jornalista Cynthia García perguntava aos cidadãos porque haviam se juntado à manifestação e seguia inquirindo-os, buscando solidez nas explicações apresentadas.
O resultado foi que alguns manifestantes apresentaram argumentos sólidos para sua decisão de sair às ruas para reclamar, a jornalista não lhes tirou o microfone e, em geral, os próprios manifestantes terminaram felicitando a equipe pelo seu trabalho. Muitos outros se basearam em slogans vazios que mais pareciam discursos que, repetidos até a exaustão, vão se transformando em verdades para que os dizem. Outros preferiram a violência como declaração, verbal, em muitos casos, e física em outros (entre esses se pôde ver alguns militantes que obedeciam a de Pando, ativista de extrema direita).

O povo ignorante como arma máxima

Creio que 6,7,8 transmitiu ao vivo porque estava consciente de que as pessoas que marchavam o fazia por distintos motivos, gerando uma massa heterogênea sem voz clara e sem representação. Nesse cenário quem saiu à rua com consignas e argumentos claros se perdeu na maré de ignorância e da reclamação incerta, e foi ainda mais submerso pela violência cega de certos manifestantes, alguns deles seguidores da agrupação de Pando, (visivelmente drogados) que ao grito de “Viva!” confraternizavam com os “companheiros” caídos durante governo “dela”. O programa da TV pública espremeu ao máximo os casos de ignorância reinante em um grande número de manifestantes com o simples e lícito ato de abrir-lhes o microfone.

Da sua parte, Clarín, temeroso de que essa ignorância pusesse em evidência o que havia de duvidoso em muitas das reclamações, não se arriscou a transmitir ao vivo. Em vez disso, como eu já disse, transmitiu com atraso suficiente para a “atualizar” a ignorância que muitos manifestantes cuspiam, segundo as conveniências. Mas não só essa omissão da voz autêntica é o uso, passivo, que Clarín deu à incultura popular. O Grupo também fez e faz uso ativo dela, demostrando nas repetições maquinais das pessoas denúncias feitas, por Lanata, por exemplo, no passado, das quais Clarín teve que se retratar por serem dados falsos ou manipulados. Também Beatriz Sarlo, no La Nación, criticou que a jornalista de 6,7,8 por questionar os manifestantes, marcando ela, ao programa e ao governo de pedantes.  Em um desses casos de pedantismo a jornalista pergunta a uma mulher porque estava ali, e ela diz que entre outras coisas para recuperar à liberdade jurídica, ao que Cynthia pergunta o que é a liberdade jurídica. Em resposta a mulher lhe diz que não é advogada e não sabe o eu é.
Uma e outra facção utilizou essa ignorância em seu próprio benefício, e ambas usaram a técnica de cobertura que melhores resultados lhes podia dar, ou que consequências menos prejudiciais lhes provocariam. A grande diferença é que entre uma e outra utilização, sem dúvida, a que mais se aproxima a produção de informação verdadeira é aquela que permite dizer e não esconde, a que mostra e não omite.


Eu digo que quando foi perguntado às pessoas, em 2001, por que elas estavam na rua batendo em panelas as respostas, todas elas foram naturais, autênticas, unânimes e concluintes. Algo muito diferente ocorreu quando, nesse 8 de novembro, a TV pública abriu o microfone e quando Clarín o codificou. A ignorância responde, entre outras coisas, à falta de preparo, à falta de recursos, à impossibilidade de educar-se e, apesar de em 2001 as pessoas que se manifestaram provinham dos extratos mais baixos, dos mais castigados, enquanto que agora as vozes foram principalmente da classe média, daqueles que contaram com mais recursos para combater esse flagelo. Esta contradição vem dizer que a verdade, quando está na cara, é iniludível e que a incultura, a negação e a manipulação da informação são, independente da sua procedência ou causa, ativos que dão muito, muito caldo, sendo a ignorância e sua utilização um dos capitais mais frutíferos que existem.
Está claro que um grande número de argentinos tem que lidar com numerosos inconvenientes e injustiças, isso aconteceu historicamente e a atualidade não é exceção, mas o que aconteceu neste 8 de novembro não é o caminho. A presidenta sabe disso e já declarou que é seu desejo que os desconformes tenham uma plataforma de representação política, mas também sabe que é improvável a sua aparição, por isso o declara e esta certeza imprime aos seus argumentos uma enorme confiança. Eu também creio nessa afirmação, considero a consolidação dessa representatividade de suma urgência, e suspeito de sua probabilidade. A diferença e que isto não me produz nenhuma confiança, pelo contrário. E seu tenho uma certeza é a que me dita minha ignorância atacada, os valores e conhecimentos que durante a vida me foram diminuindo minha incultura. E essa certeza me diz que essa representação não é, nem pode ser, embandeirada pelo Grupo Clarín.

Tradução de Juan Nahuel

15 noviembre 2012

A difamação da panela


A panela foi sempre um artefato de vital importância na minha vida. Por tudo o que representa, por ter sido sempre o símbolo do que eu sempre tive que bancar, para garantir que a família pudesse comer. Meus velhos, nos meados dos anos oitenta, se encontraram muito mais de dez vezes apenas com farinha, sal, tomate e o fogo de um forno de barro para encher a nossa panela, a memória que enche o meu peito de orgulho. Em 2001, a panela foi a estrela da manifestação mais espontânea do povo argentino, pessoas sem mais (nem menos) do que o seu poder de pressão, causada por funda raiva e profunda vergonha, fome e dignidade, foram às ruas e marcharam tendo as panelas como bandeiras, panelas vazias como tambores, panelas cheias de raiva, como escudos honrados contra a impotência.
Eu me lembro da cara e das palavras de uma mulher que entre panelaço e panelaço declarou frente às câmeras de Pino Solanas: "... pelo menos eu desafogo com a panela, a panela que fez purê para meus filhos... Para que cada vez que a veja saiba que, se me roubam, me roubam porque eles são uns sem-vergonhas , mas eu lutei pelos meus direitos ... "
Desde esse dezembro a panela tornou-se uma poderosa arma revolucionária, sentou precedente, deu a volta ao mundo e mudou a história.

Hoje, 08 de novembro, a panela saiu às ruas novamente. Nem preciso mencionar as diferenças entre uma situação e outra. Eu não acredito no Clarín, nem no 6, 7, 8, embora eu deva admitir que pelo último eu tenho alguma simpatia, e pelo primeiro nenhuma. Não acredito neles porque a Argentina vive uma guerra entre o governo e o monopólio do grupo Clarín, e nas guerras se há algo que é difícil de encontrar é a objetividade.
É claro que eu tenho uma postura tomada e firme nessa disputa, se Clarín reage diante de um "ataque" do governo, que tenta emendar uma lei que garanta a pluralidade e a transparência das vozes e imagens mediadas, se Lanata declara: "... Eu me pus sempre ao lado do mais fraco, e o mais fraco é o Clarin ...", se esta luta ocorre em um momento em que o meu país é claramente melhor do que anos atrás, se este confronto demonstra como cada lado é e quais são os interesses que cada um deles persegue... Enfim, considerando o curso da água, de que lado vou ficar? Eu tenho isso claríssimo, mas sou uma pessoa limitada e conheço, ou acho que conheço, minhas limitações. E já que eu não conto com as armas culturais para fazer uma análise minuciosa, bem como, insisto, não acredito que nem no Governo nem no Clarín, eu não vou entrar em camisa de onze varas.

No que eu acredito, ainda acredito, e nas pessoas. As escuto e presto atenção, na TV, as leio e analiso nas redes sociais, as observo e examino nas ruas. Eu escuto os K e aos e anti-K, escuto e aprendendo, e escuto também àqueles que não estão em nenhum dos lados, que estão no meio da rua, que não forçam para nenhum dos lados, ou se forçam, forçam pra frente. Acredito em todos eles, nos K, nos anti K, e principalmente nos que estão no meio, que são os que eu mais gosto. Acredito em todos porque todos dizem a verdade, cada um a sua, e com todas essas verdades armo a minha.
E com essa verdade que eu acredito, claro, na panela. Aquela panela que meus pais encheram com esforço, a que mudou a história, e que hoje saiu às ruas novamente, desta vez sem repressão, no meio de uma democracia real . Ela, que se encheu de prestígio nos anos oitenta, graças aos esforços de minha família, e, em 2001, graças a essa mulher que eu vi na TV, graças a todo um povo. Na panela eu acredito, essa panela eu amo, eu quero panela.
Celebro as manifestações, as respeito, até as de hoje. Aplaudo aos povos que cobram de seus governos, pois nosso papel é exigir e o deles é cumprir. Mas temos de ter cuidado com a panela, a panela é bandeira que não se mancha e eu acho hoje a estão desprestigiando, temo que estejam se fazendo, sem saber, uma armadilha de panelas.

Tradução de Juan Nahuel

13 noviembre 2012

6,7,8N y 8TN (La ignorancia como capital)

Insisto, no les creo, y como siento que hace falta, me explayaré un poco más en los motivos de mi incredulidad:
Si bien la objetividad no existe como tal en la expresión humana directa (y esto no lo digo yo sino la Antropología Social en un eterno debate jamás resuelto), es decir en la interlocución entre dos personas, ya que siempre se le imprime a la voz cierta subjetividad, y mucho menos en la expresión mediatizada porque a esa subjetividad inevitable se le suma otra más poderosa que responde a los intereses económicos que son los que en definitiva marcan el camino de todos los discursos mediáticos, aún en este escenario creo que se puede buscar en las expresiones algún atisbo de objetividad, pero difícilmente esto suceda en lo que se puede ver o escuchar en el caso de Clarín y 6,7,8.
Sin embargo debo ser justo, ya que escribí un
texto que me valió algunas críticas y el siguiente elogio: “Qué elegante cagada a pedos”. Así, como le apunté principalmente a los medios de comunicación de cada bando en esta guerra, a la propaganda de cada facción, debo ahora al menos enumerar los rasgos de la cobertura de la manifestación de uno y otro medio, y lo haré con dos apartados:

09 noviembre 2012

La difamación de la Cacerola

La cacerola siempre fue un artefacto de vital importancia en mi vida. Por lo que representa, porque la cacerola o la olla es lo que siempre hubo que parar, bancar, garantizar para que la familia pudiera comer. Mis viejos a mediados de los ochenta se encontraron más de diez veces con harina, sal, algún tomate y el fuego de un horno de barro para parar nuestra cacerola, el recuerdo me rompe el pecho de orgullo. En 2001 la cacerola fue la protagonista de la mayor manifestación espontánea del pueblo argentino, la gente sin más (ni menos) persuasión que la que le provocó la honda rabia y la profunda vergüenza, el hambre y la dignidad, salió a la calle y marchó con cacerolas como banderas, cacerolas vacías como bombos, cacerolas repletas de bronca, como honrados escudos ante la impotencia.